Estou doente por essa razão, hoje, não ouvi rádio, nem vi televisão mas ao abrir o MSN dei com a notícia da morte de Ingmar Bergman.
Vi o "Morangos Silvestres" e, embora não sendo muito de repetir filmes, recordo-me que houve um dele que vi três vezes:"Fanny e Alexander" que por acaso foi o que ganhou o Óscar em 1985. Talvez não seja o mais emblemático e/ou arrojado dele mas é, dos que vi, (são muitos e vi poucos), o que mais gostei.
Não percebo nada de cinema para poder escrever sobre um nome tão importante para a sétima arte. Apelidam o cinema dele de "transcendental", a mim transcende-me de diversas formas e nunca da mesma maneira.Só posso reconhecer a importância que a arte deste cineasta teve para a minha pessoa em dois momentos distintos da minha vida: por volta da passagem para a chamada idade adulta, entre os 17 -18 anos e, mais tardiamente, entre os 28-29 anos.Foi grande.
Como se diz na publicidade a este sítio:
"Quando o cinema morrer, teremos os filmes".
"Quando o cinema morrer, teremos os filmes".
5 comments:
Vi o “Lágrimas e Suspiros”, numa das aulas de Estética do Cinema na Faculdade e se bem que não recorde muito do filme – não me repeti no seu olhar – lembro-me desse momento em que, em circulo, de frente para o monitor tentámos fazer jus à esperança do nosso professor, abrindo a mente e moldando a sensibilidade para “outras formas de ver” diferentes dos blockbusters americanos. A vontade dele, de que alcançássemos o significado da obra, era tanta que acabou por nos impedir de chegarmos lá sozinhos; mesmo de chegarmos lá de todo. Mal nos estávamos a embrenhar no ritmo da coisa ele sacava do comando, fazia still e perguntava, por detrás de nós: “Viram aquele pormenor? Viram a forma como ele iluminou a cena? O Movimento de Câmara? A direcção daquele olhar? A intenção daquele silêncio?”
Nós respondíamos que, “Sim, Professor vimos. É magnifico!!”, mas a verdade é não víamos nada. Não percebíamos nada. E só nos entreolhávamos em tom de “Isto não está a acontecer”.
O Professor Coutinho, o nosso preferido, aquele para quem um 12 era o mesmo que um 14 e aos olhos de quem, por mais que nos esforçássemos, nunca era o suficiente, morreu passadas algumas semanas. Não conseguimos fazer still a tempo. Escapou-se de nós como um mudar de cena.
Por isso, hoje, quando ouvi na rádio que Bergman tinha morrido lembrei-me dele, antes de me lembrar de Bergman. E ao ler-te, naquilo que contas dos filmes que te influenciaram-moldaram-foram-um-rito-de-passagem, também me lembrei dele. E desse gesto irritante do still.
Não era irritante. Nós é que, fazendo justiça à nossa ignorância, lhe não percebemos o alcance. A analogia. Fazer still sobre o filme como pausar sobre a vida para lhe perceber o caminho. Entender a cena anterior para melhor perceber a que vem a seguir, para que no final tudo seja um “todo” e não uma sequência desordenada de acontecimentos...
… irónico.
E belo.
Sim, Carla...De facto, os dois momentos da minha vida q referi,têm a ver com "essa mudança de cena"...O primeiro teve a ver com a morte física,(esta madrugada fará anos o sucedido),o segundo com a morte interior,(um apodrecimento da alma q se faz recordar desde Agosto de 2000).
Que não te soe a arrogante ou pretencioso mas compreendo, em parte, as tuas palavras, creio...E, qd conversarmos face a face, (olha mais uma alusão a Bergman), compreenderás, (até pq em gd parte já as "enxergaste"), as minhas...E sim, Carla, esse gesto irritante do "still", do "still",sem comparações q seriam ridículas aqui mas, olha, assim como os planos do Oliveira q "ficam, ficam" e nós rimos muitas vezes p não desabarmos...são obras e arte e,e,e como as deles q nos ajudam a "still", "a ficar, a ficar"...
Daqui nada vou "ao nosso esconderijo" para fumarmos um cigarro.
Até já e uns beijitus cansadus.
Fumo um cigarro ao ler este post...fico triste com este desaparecimento, mas a obra fica e é lembrada.também a mim me marcaram alguns filmes dele...
Indigo,
Bem sei, já te espreitei...sim, o "Persona"...
fui das noticias mais tristes deste verão :(
ficam os filmes, por falar nisso tenho q ver o sétimo selo que nunca vi :)
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