Wednesday, February 28, 2007

iuuuuupiiiiiiiiiiiiiii

Vieste!
Acabei de falar ctg e de te abraçar.Que bom, que bom, que bom!!!
Eu sabia q tu vinhas.
Embora, tenha sido a correr aquele abraço aconchegante q só tu saber ter e dar soube-me pela vida...

Ainda agora estive a falar com a Diva e houve outro regresso inesperado q tb me deixou de sorriso tonto no trombil, o da Bad Lolita.

Agora só falta quem nós sabemos...

Oh well, tenho de ir correr p o trabalho mas não antes sem te deixar uma q vai fazer as tuas delícias auditivas, hihihi, e q me faz perceber como, por vezes, uma ou outra "prayer" funcemina...
Será?!

; )

Tuesday, February 27, 2007

Forever

I sware, não sei como isto me veio parar aqui...




"Forever" - Goldfrapp . álbum Black Cherry

Under...Know You

Com os olhos apontados na direcção da Merck records e com os ouvidos á escuta...
Como sabes tu que vai sair uma Aurora 2?!

: D

Oh well, e pq, hoje, fez-se sentir um bocadinho da Primavera que se aproxima, isto é para ti:




Mais um de Deru, este é para quem o apanhar!





"What all your imaginary friends are listening to"...

"As Baleias Não Choram"

Porque, no outro dia, me chamou a atenção, qd falámos ao telemóvel, estares a ver a entrevista do Miguel Guilherme...

Há coisas q me ficam no ouvido, só isso.

Ontem, um postal do São Luiz tinha mesmo de me vir parar às mãos...sim, cá no "burgo esbranquiçado" há coisas dessas neste sítio.
Um dia destes, talvez tenha disponibilidade para fazer qq coisa lá.
Andamos, eu e os donos do mesmo em amenas cavaqueiras sobre uma série de projectos.
Haja tempo e paciência.
Acho um piadão ao desafio :"queres ser DJ por uma noite"?
; )

Mas o q me leva a escrever este post é o mm assunto de sempre...e tu, amigo!
De 18 Jan. a 3 de Março (ainda vou a tempo) - MOBY DICK de Herman Melville

Interpretação: Maria Rueff, Miguel Guilherme, Graciano Dias, João Barbosa, José Airosa, Miguel Borges, Milton Lopes, Ricard Aibéo e Rui Morisson;
Encenação: António Pires;
Adaptação: Maria João Cruz

Co-produção: AR DE FILMES
Quinta e Sexta às 21h00
Sábado às 16h00 e às 21h00
Sessões para escolas: Quartas às 11h00 e ás 14h30

Photobucket - Video and Image Hosting

Obrigada pela oferenda do livro naquela altura ~the waves~ mais tormentosas...
whales wave goodbye - 1 tema dos freescha , dupla de que já vos falei. Tb podem encontrá-los aqui, têm novo trabalho, quer dizer saído no Verão passado.

Underground

Photobucket - Video and Image Hosting

Agora q aprendi a colocar marcadores não quero outra coisa.
Era sobre este que deveria ter falado primeiro mas não sei falar sobre nada...

Primeiro filme que vi, verdadeiramente, sozinha em Lisboa e tb o primeiro que vi nas salas de cinema King.

Fica o link dos Cinemas Medeia.

Scoop

Photobucket - Video and Image Hosting

A palavra que, ontem, fez diferença neste filme: "communards".
É verdade, ontem, consegui safar-me e fui "al cine" com os amigos.
Péssima tradução q o filme teve, must say, e eu tenho um inglês mau.
Se gostei?!
Gostei mas Woody Allen é mais...ah, e ah, a frase "your a credit to your race" um must...
LOLLLL.

...

Nada a ver, só q, de repente, lembrei-me de conversa com "fauno" Moreno : ) e disto.

Under Control

Coldcut - sound mirrors

everything is under control

Monday, February 26, 2007

Sugestão

Via mail, acabadinha de chegar esta sugestão:

Jazzvalado - 10º Festival

; )

O piadita já é um cliché, salvo erro, alguém usa-a muito mas...vamos lá: "Jazza-me muito"!!!

O meu primo Zeca é que deve estar em pulgas para ir.E, agora, q penso nisto deve haver pelo país tanta coisa boa, deste género, e nós nem damos por elas...eu desconhecia por completo.

Obrigada, Pedrita Noir!

Saturday, February 24, 2007

Under.....everything!

A undercover da famigerada song...

I've Got you Under My Skin



Photobucket - Video and Image Hosting

Undertest

Não sabia como "desempacar" do post anterior...Mas, 3 ninfas (a always, a sk e a boo, temos de corrobar um pouco as coisas, eheheh) inspiraram-me a fazer este teste.

Seu perfil: INFJ

(Introversão Intuição Sentimento (Feeling) Julgamento)

Seu modo principal de viver é focado internamente, absorvendo fatos primariamente através da sua intuição. Seu modo secundário é externo, através do qual você lida com as coisas de acordo com a maneira com que você se sente quanto a elas, ou de acordo com a maneira com que elas se encaixam no seu sistema pessoal de valores.
Você é uma pessoa gentil, carinhosa, complexa e altamente intuitiva. Artístico e criativo, você vive num mundo de significados e de possibilidades ocultas. Apenas 1% da população mundial tem características de personalidade como a sua, fazendo desse o tipo mais raro de todos.
Você dá grande importância a ter as coisas organizadas e sistematizadas no seu mundo exterior. Você emprega um grande bocado de sua energia identificando o melhor sistema possível para fazer as coisas acontecerem e constantemente define e redefine as prioridades na sua vida. Por outro lado, você funciona intuitivamente e de maneira totalmente espontânea dentro do seu mundo interior. Você conhece as coisas através da intuição, sem ser capaz de explicar exatamente por que, e sem ter um conhecimento detalhado do assunto. E você está freqüentemente certo, e sabe quando esse é o caso. Conseqüentemente, você põe muita fé nos seus instintos e nas suas intuições. Isto é algo como um conflito entre seu mundo interno e externo, e possivelmente resultando em você não ser tão organizado quanto a maioria das pessoas que preferem uma vida estruturada. Isso se demonstraria através de sinais de desordem (quando na verdade você teria uma tendência a ter as coisas organizadas), como por exemplo, no caso de uma mesa de trabalho aparentemente bagunçada.
Você tem uma compreensão intuitiva afiadíssima sobre pessoas e situações. Assim, você tem aquele feeling sobre as pessoas, entendendo-as intuitivamente. Como um exemplo extremo, você pode até relatar eventos de ordem sobrenatural, como por exemplo, sentindo algo forte que te diz que houve algum problema uma pessoa amada, e vir a descobrir depois que ele sofreu um acidente de carro. Esse é o tipo de coisa que as outras pessoas podem vir a tirar sarro, mas nem você realmente compreende sua intuição num nível que possa ser transformado em palavras, para que você possa explicar isso aos outros. Conseqüentemente, você acaba escondendo seu “eu interior”, dividindo seus sentimentos apenas com aqueles que você escolher dividir. Você é um indivíduo complexo e profundo, é bastante reservado, e tipicamente difícil de compreender. Você esconde boa parte de suas intenções, e pode ficar guardando dentro de si diversos segredos que você poderá não compartilhar com ninguém.
Mas você é uma pessoa tão genuinamente calorosa quanto é complexa. As pessoas mais próximas a você te querem muito bem e podem enxergar suas qualidades especiais e a profundidade com que você se importa com elas. Assim, você se importa com os sentimentos das outras pessoas e tenta ser gentil, evitando magoá-los. Você é muito sensível a conflitos, e não os tolera com facilidade. Situações que são carregadas de conflito podem te levar do seu estado normal e pacífico para um estado de agitação e raiva elevada. Sob estresse você tende a internalizar os conflitos no seu corpo, podendo desenvolver problemas de saúde.
Por você ter capacidades intuitivas tão fortes, você crê acima de tudo em seus próprios instintos. Isso pode resultar em você se tornar um cabeça-dura e a ignorar as opiniões das outras pessoas, pois você acredita que você está sempre certo. Por outro lado, você é um perfeccionista que sempre se pergunta se está utilizando todo seu potencial. Você raramente está em paz completa consigo mesmo, pois sempre há algo que você pode fazer para evoluir ou para melhorar o mundo à sua volta. Você acredita em crescimento constante, e geralmente não passa tempo se lembrando das suas conquistas. Você tem um forte sistema de valores, e precisa viver sua vida de acordo com o que sente ser o correto. Com relação ao seu lado emocional, você é de certa maneira gentil e tranqüilo. Por outro lado, você tem altas expectativas de si mesmo, e freqüentemente da sua família, e você não acredita em entrar num acordo quanto aos seus ideais.
Você naturalmente cuida das pessoas, é paciente, zeloso e super-protetor. Você pode ser um ótimo pai/mãe e gostará de criar laços fortes com seus filhos. Você tem altas expectativas deles, e os pressionam para ser o melhor que puderem, e isso pode se manifestar através de atitudes duras e inflexíveis para com eles. Mas, de um modo geral, seus filhos receberão uma educação forte e sincera de você, juntamente de muito carinho.
No ambiente de trabalho, você é atraído por áreas onde você possa ser criativo e trabalhar de uma maneira independente. Você tem uma afinidade natural para a arte, e pode também obter sucesso trabalhando com as ciências, onde você poderá utilizar sua intuição. Você também se dará bem em profissões orientadas à prestação de serviços. Você não é bom em lidar com coisas muito detalhadas ou com tarefas muito delicadas. Assim, você provavelmente tentará evitar esses tipos de situação, ou acabar indo para o lado oposto e se envolver tanto com os detalhes até o ponto de você perder a grande visão do seu propósito com aquilo. Se você tomar o rumo de ser meticuloso com os detalhes, você pode se tornar altamente crítico com as outras pessoas que não são assim tão meticulosas quanto você.
Mas lembre-se: você tem qualidades que pouquíssimos têm. A vida, porém, não será necessariamente mais fácil para você, mas saiba que você é capaz de obter incríveis conquistas pessoais, guiado pelos seus sentimentos profundos.
Atitude: Introvertida
Temperamento: Idealista
Atitude (segundo Spranger): religiosa
Elemento: fogo
Fonte de alegria (Aristoteles): etica (virtude moral)
Simbolo mitologico (segundo Paracelso): ninfas (inspiracao)
Temperamento (segundo Galen): melancolico

Sua oração: "Senhor, permita que eu seja menos perfeccionista. (Será que eu escrevi certo?)"
Querem experiementar?

Monday, February 19, 2007

1 dia

Parabéns!

Photobucket - Video and Image Hosting


Make a wish...

Photobucket - Video and Image Hosting

"The future is still undecided"

Com a nova "preciosidade",
Photobucket - Video and Image Hosting
recentemente, adquirida aqui, bem "under myprivatehertzocean", faço votos sinceros para que consiga fazer alguma coisa de jeito neste, como lhe chamar, Stamm Bude...humm, e acho q vou ter de perder esta minha nova mania de escrever coisas em alemão porque não sei alemão e não tenho bem a certeza do que estou para aqui a escrever...mas dá-me tanto gozo.LOLL...

As meninas CSS, que tanto andam a dar que falar, já estão no sistum com a sua "alala". Tem-se assistido a uma ascensão meteórica desta banda brasileira.
Agora, nada a ver, apenasm mudando para o "meu assunto".
Amanhã é um dia a assinalar.
Como se diz nesta imagemPhotobucket - Video and Image Hosting
retirada daqui, "the future is still undecided"...

Sunday, February 18, 2007

sem título II

,

sem título

.

Sunday, February 11, 2007

Ma...temático

Detesto comboios desde aquele dia.

Levaram.

Trazem-me sempre de mãos a abanar e com as contas mal feitas.

Resta-me ir, voltar, ir voltar...onde quer que vá, é contigo que vou.

"Days are come, just to go"...como se diz em outra música deste artista que me deram a conhecer quando começaste mm a desaparecer ou, pelo contrário, a aparecer em todo o lado e todos os dias.

Sempre o mm hábito matematicamente merdoso de não encontar-te way out da minha cabeça.

não sei o nome da faixa mas podia ser "hate the day you gone away"

C u
Photobucket - Video and Image Hosting

Sunday, February 04, 2007

"Doutor Pasavento"

P., sabes bem que o que vou aqui deixar do Enrique Vila-Matas não é por ele ter sido galardoado, recentemente, com o prémio da Real Academia Espanhola 2006 pelo romance “Doutor Pasavento”. O livro vai ser lançado ainda este mês, pela Teorema.



O excerto que fica veio daqui, da própria revista em papel mas cortei algumas (poucas) partes.

Passeávamos pela chamada alameda do fim do mundo, um melancólico trilho junto do castelo de Montaigne, quando me perguntaram:

- Donde vem essa tua paixão por desapareceres?
O meu acompanhante desejava saber donde vinha essa ideia de desaparecer que eu tanto anunciava em textos e entrevistas, mas que acabava por nunca pôr em prática.
(…)
- Francamente não sei – acabei por responder um pouco depois - , ignoro donde vem, mas suspeito que, paradoxalmente, toda essa paixão por desaparecer, todas essas tentativas, chamemos-lhe suicidas, são ao mesmo tempo tentativas de afirmação do meu eu.
Soaram muito pertinentes estas palavras ensaísticas, ditas ali, nem mais nem menos que no próprio berço do género literário do ensaio. Como se sabe, Michel de Montaigne escreveu os seus livros no cimo de uma torre anexa ao seu castelo próximo de Bordéus. Escreveu-os num estúdio e biblioteca que ficavam no terceiro andar da torre. Ali inventou o ensaio, esse género literário que, com o tempo, acabaria por se ligar à construção da subjectividade moderna, construção em que participaria o próprio Descartes, que também decidiu encerrar-se a pensar num lugar solitário, no seu caso, no bem aquecido quarto de um quartel de Inverno de Ulm. De maneira que pode dizer-se que o sujeito moderno não surgiu do contacto com o mundo, mas sim em quartos isolados onde os pensadores se encontravam sozinhos com as suas certezas e incertezas, sozinhos consigo mesmos.
Enquanto subia pela estreita e inclinada escada de caracol que conduzia ao estúdio e biblioteca de Montaigne, e às voltas com a resposta que tinha dado pouco antes ao meu acompanhante, pensei no mistério do desaparecimento dos homens. (…)
Olhei para o meu acompanhante e a imaginação fez-me vê-lo diferente de como o tinha visto até então. Quando olhei para ele com mais atenção, vi, ou julguei ver, que era Deus.
- Donde vem essa tua paixão por desapareceres? – voltou a perguntar-me.
Fortis imginatio generat casum, quer dizer, uma forte imaginação gerou o acontecimento, como diziam os clérigos no temo de Montaigne. O mesmo se pode dizer da minha visão de deus naquele preciso instante. Lá em cima no alto da torre, julguei descobrir que Deus repetia pelo menos duas vezes as perguntas. No mínimo, parecia-me um pouco tosco. Tinha esse Deus inteligência suficiente para, por exemplo, escrever ensaios? Olhei-o para voltar a responder-lhe e então vi que tinha deixado de ser Deus para voltar a ser a pessoa que me acompanhava. (…)
O meu acompanhante não era tão estúpido para insistir em perguntas já respondidas. Olhei para as traves do tecto, onde Montaigne tinha gravado pensamentos gregos e latinos que ainda hoje se conservam perfeitamente.
- Donde vem essa tua paixão por desapareceres? – ouvi voltarem a dizer-me.
O meu acompanhante não tinha dito aquilo. Estava de pé junto de uma das janelas, como se quisesse ver exactamente o mesmo que Montaigne via no seu tempo por aquela abertura. Estava imóvel. Não, não podia ter sido ele. Além disso, estava completamente ausente. Então, quem é que tinha dito aquilo? Era um eco? Era uma voz que procedia do interior de mim mesmo? Era o fantasma do berço do ensaio?
(…)

Umas semanas depois, sonhei que alguém a quem chamavam dottore Pasavento tinha desaparecido, no cimo da torre de Montaigne, perto de Bordéus, sem deixar rasto, nem uma única marca. O dottore era muito parecido com o escritor basco Bernardo Atxaga, um bom amigo desde há muitos anos. Pensei na quantidade de escritores que apareciam na minha vida, nos meus sonhos, nos meus textos. Embora a grande maioria deles costume ser gente vaidosa e mesquinha, há uma estranha secção minoritária de escritores que têm anjo e que são capazes de nos conduzir com assombrosa facilidade a outra realidade, a um mundo com uma linguagem distinta.

Quem disse que a palavra escritor cheirava a cachimbadas? Não, senhor. Quase todas as escritoras e escritores da secção com anjo são seres adoráveis que fumam e pensam frente a Olympias portáteis muito antigas, seres atormentados que parecem estar a viver num lugar à parte.
Costumam estar angustiados e serem muito inteligentes e, por não o estarem ou por não o serem, esfalfam-se por parecê-lo. Recordo muito especialmente um escritor da secção angélica que, num filme que se intitulava Num lugar à parte, vivia num hotel com uma grande janela que dava para um abismo e um mar numa cidade sem nome. E também me recordo que desde sempre desejei um dia ser como o protagonista daquele filme e viver num lugar que tivesse o mesmo duende daquele hotel que dava para o abismo. Quem disse que todos os grandes escritores decepcionavam quando se conheciam de perto? Não, senhor. Os da estranha secção angélica são encantadores e vivem em lugares sempre muito abismais.

De repente, imaginei que entrava num comboio na estação de Atocha de Madrid porque tinha combinado encontrar-me essa tarde com Bernardo Atxaga em Sevilha. No quiosque da estação comprava dois romances que estavam muito na berra. Um deles tinha esta epígrafe: «no final tudo perde o sentido, mas a máquina de escrever continua comigo.» Os dois romances eram espanhóis e dizia-se que eles estavam a mudar a história da literatura. Pareceu-me inclusive aterradora a possibilidade de que a Espanha pudesse voltar a intervir no curso da história. (…)
Acima de tudo e depois do longo tempo que tinha passado sem nos vermos, sentia uma grande vontade de o abraçar, de contar-lhe histórias dos últimos quatro anos, repetir e talvez melhorar gestos e risos de outros encontros anteriores.

Subi para o comboio com aqueles dois livros e interroguei-me se me ficaria bem confirmar que, com efeito, não se enganavam os que diziam que os dois romances acabavam de revolucionar a história da literatura. Um chamava-se Fantasia poética, e o outro, Um carro fúnebre errava por Paris. O título do primeiro, embora de gosto duvidoso, fez-me pensar imediatamente no escritor Robert Walser, que uma vez qualificou como «fantasia poética» o seu romance Jakob von Gunten, um dos meus livros preferidos. Eu pensava em Walser com frequência. Gostava da ironia secreta do seu estilo e da sua premonitória intuição de que a estupidez avançaria implacável no mundo ocidental. Intrigava-me a grande originalidade das suas relações com o mundo da consciência. E tinha achado sempre infelizes mas muito belos os seus melancólicos passeios pelos arredores do manicómio de Herisau, onde, imitando o destino de Hölderlin, esteve internado durante vinte e três anos, até ao final dos seus dias. (…) Morreu no meio da neve, no dia de Natal, enquanto caminhava pelos arredores daquele sanatório mental. Dele se disse que é o mais secreto dos poetas, e seguramente isto aproxima-se da verdade, pois para Walser tudo se convertia por inteiro no exterior da natureza e o que lhe era próprio, mais íntimo, passou a vida inteira a recusá-lo. Recusava o essencial, o mais profundo: a sua angústia. Tal como ele mesmo dizia no seu romance Jakob von Gunten, disfarçava o seu desassossego «no mais fundo das trevas ínfimas e insignificantes».
Eu pensava em Walser com frequência, o discreto príncipe da secção angélica dos escritores. E há anos que já era o meu herói moral. Admirava nele a extrema repugnância que lhe provocava todo o tipo de poder e a sua prematura renúncia a toda a esperança de êxito, de grandeza. Admirava a sua estranha decisão de querer ser como toda a gente, quando na realidade não podia ser igual a ninguém, porque não desejava ser ninguém, e isso era algo que sem dúvida lhe dificultava ainda mais querer ser como toda a gente. Admirava e invejava aquela sua caligrafia que, no último período da sua actividade literária (quando se envolveu nesses textos de letra minúscula conhecidos como microgramas), se tinha tornado cada vez mais pequena e o tinha levado a substituir o traço da caneta pelo do lápis, porque sentia que ele se encontrava «mais perto do desaparecimento, do eclipse». Admirava e invejava o seu lento mas firme deslizamento para o silêncio. (…)

Quando me sentei no meu lugar no comboio, voltei a dizer para comigo que, se realmente aqueles dois romances espanhóis eram assim tão bons, dificilmente iria conseguir suportá-lo. Seria melhor não passar da leitura dos títulos. (…)

O mais curioso de tudo foi que, umas semanas depois de ter imaginado esta viagem a Sevilha, me convidaram realmente para ir a essa cidade para dialogar com Bernardo Atxaga sobre as relações entre realidade e ficção. Uma casualidade grande demais. Não pode ser, pensei num primeiro momento. Não, não pode ser. Mas podia ser sim, claro. Não era a primeira vez que a ficção aparecia na minha vida e, quase sem abrir a boca, pretendia configurar a realidade.

A voz do homem que telefonou e me convidou para ir a Sevilha tinha um timbre muito metálico. Num determinado momento da conversa, a voz desafinou-se um pouco quando disse: «em resumo, queremos que você e o senhor Atxaga nos falem de como a realidade dança com a ficção na fronteira.» (…) Decidi aceitar o convite, mas impondo a minha marca pessoal, só para que ele ficasse a saber quem estava do outro lado do telefone. «Está bem», disse-lhe, «aceito o convite. De qualquer forma, há muito tempo que desejava encontrar-me com o dottore Pasavento». Fez-se um silêncio. «Levarei o meu libré de mordomo», acrescentei, procurando dizer algo ainda mais esquisito, e nesse caso já completamente incoerente. «Não compreendo», disse então o que tinha telefonado. «Também eu não entendo isso do baile na fronteira», respondi-lhe.(…)

Mas era nítido que esses dois romances não existiam, pertenciam exclusivamente ao mundo da minha imaginação. Era a única coisa que impedia que a ficção e a realidade se encaixassem perfeitamente, o que, pensando bem, não deixava de ser um alívio, não era nada mau saber que os dois romances de Espanha tinham desaparecido com a mesma velocidade com que um dia os tinha imaginado. E, durante um momento, gozei com um louco conjecturando o desaparecimento dos dois geniais romances e não escritos precisamente por mim. Alguém os colocava no cume do Evarest, ao pé das toneladas de lixo, de desperdícios envenenados que ali há, e uma tempestade de neve apagava-os com um golpe certeiro.

O comboio de alta velocidade arrancou e, enquanto nos auriculares que a hospedeira me tinha dado ouvia música de flamengo bem alto, abri pausadamente o jornal e deparei com uma entrevista com o escritor argentino Alan Pauls, que no dia anterior tinha apresentado em Madrid o seu romance El pasado. Eu tinha assistido à conferência de imprensa que ele tinha dado e tinham-me chamado a atenção umas palavras suas à volta da lentidão da arte: «É uma experiência única, adormecer num filme de Tarkovski e acordar de repente com uma das suas imagens.» (…)

Ocorreu-me que podia contar que, não havia muito tempo, tinha imaginado que me encontrava em Sevilha com Atxaga e como, umas semanas depois, a ficção tinha acabado por tornar-se realidade. Mas enquanto pensava que tom escolheria para falar de tudo isto, de repente assaltou-me uma dúvida importante. Bernardo Atxaga iria a Sevilha? Há quatro anos que não o via, ele levava quatro anos de radical retiro quase monástico e, tendo em conta que se comentava que ultimamente o tinham esperado em lugares onde não tinha ido, não me parecia muito claro que ele acabasse por aparecer no encontro de Sevilha.(…)

Viajava longas horas de comboio, sempre expectante perante o acontecimento que o esperava, o reencontro com o amigo. Mas, quando chegava á casa, só encontrava uma criada que lhe preparava uma ceia enquanto esperava a chegada do proprietário da casa, que nunca chegava. Na manhã seguinte, a criada tinha desaparecido, o amigo não tinha chegado, e o protagonista iniciava, com um certo espanto e perplexidade, a viagem de regresso. Não se tinha passado nada ou talvez, sob a aparência de que não tinha ocorrido nada, tinha-se passado muito?

Disse para comigo que em Julien Gracq as narrações adoptam sempre a forma de um itinerário, eram percursos de carácter iniciático, animados constantemente pela busca do conhecimento e a espera do acontecimento. E também disse para comigo que se me acontecesse o mesmo que tinha acontecido ao viajante de Bray, quer dizer, se Atxaga não aparecesse, eu mesmo preencheria a meia hora dele para falar e dissertaria acerca de um tema que me obcecava desde há algum tempo. Porque mais do que Ausência, a palavra exacta, o tema sobre o qual podia falar se Atxaga faltasse, era o que mais me andava a perseguir nos últimos tempos, o tema do Desaparecimento.

Podia falar de Maurice Blanchot, por exemplo, tinham-lhe perguntado pela direcção que a literatura estava a tomar.
«Para onde vai a literatura?», tinham-lhe perguntado. «Dirige-se para si mesma, para a sua essência, que é o desaparecimento», tinha respondido imperturbável.

Se Atxaga não aparecesse ao encontro, dissertaria à volta do tema do Desaparecimento. Mas era preferível que ele aparecesse. Enquanto dizia isto para comigo e o comboio ia deixando para trás a cidade de Madrid, a minha mente foi-se desviando do caminho empreendido e vi-me a mim mesmo a caminhar por uma alameda do fim do mundo. Apercebi-me de que era o lugar ideal para escrever de verdade, tal como eu entendia que devia ser feito, mas também para nos despedirmos da literatura, que era outra forma de escrever de verdade: um lugar ideal para nos colocarmos diante do abismo e tentar ir mais além e, portanto, desaparecer. Mas para o desaparecimento era necessária uma certa coragem e que o medo – toda a vida pensei que o medo é o nosso único mestre – me ajudasse.

Vi-me a caminhar por aquela alameda, cujo nome parecia indicar-me que passeava próximo do mais além, e voltei a escutar a pergunta:
- Donde vem a tua paixão por desapareceres?
Entrei numa breve sonolência e quase palpei uma espécie de sentimento de bela infelicidade, um estado de ânimo a que eu aspirava. Até que de repente, abandonando aquelas sensações, olhei pela janela do comboio e, ao ver as terras secas e tristes de Castela, considerei uma experiência única ter regressado à realidade daquela maneira, tão de repente, com aquela súbita e feroz imagem de Castela que parecia surgida das profundidades de um filme de Tarkovski.

Quando, recuperado do choque que tinha tido com aquela imagem, regressei à minha anterior posição de explorador de abismos, além, no fim do mundo, pensei na tão solicitada figura literária da fugacidade das paisagens da janela do comboio. E também na própria literatura e que a sua característica mais notável consistia precisamente em escapar a toda a determinação essencial, a toda a afirmação que a estabilizasse, pois nunca a conseguiríamos fixar num ponto certo, era sempre necessário encontrá-la ou inventá-la de novo. Pensei nisto á medida que o comboio avançava com velocidade de ave rápida deixando para trás estações com nomes de terras impossíveis – Balagón foi a que anotei naquele momento -, apenas entrevistos. Retomei os auscultadores e vi que a música continuava a ser andaluza, mas tinha evoluído para a bossa nova, a rumba e o pop de Rosário Flores. Uma música que parecia, com exagerada antecipação, anunciar já Sevilha, embora a paisagem da janela e de filme de Tarkovski dizia a verdade e era sóbria e castelhana. Era como se a Andaluzia quisesse tornar-se presente ali, antes da hora, para logo a seguir desaparecer quando a atingisse. Recordo que olhei com tanta intensidade para a distância que até julguei presenciar o momento em que uma folha caía e, sem fazer qualquer espécie de ruído, tocava a linha do horizonte.


Aqui falam do livro de outra forma.

Friday, February 02, 2007

lantejoula prateada

D, eu sei q já conhece a foto.Não resisti pq you rule!!!

;D

Photobucket - Video and Image Hosting.

Thursday, February 01, 2007

Até as nuvens andam a tossir

Hoje, li numa daquelas frase do msn, de uma amiga,o seguinte:
- "os dois compostos mais comuns no universo são o hidogénio e a estupidez".

Depois, fiquei preocupada com o que ouvi na rádio e li algures sobre o "apagão". As notícias andam por aí.

E já devem estar a pensar:"então e a IGV?!"
Podem continuar a pensar e a reflectir que falta pouco para o referendo.
Desta vez, vai dar para votar.

A seguir, vim aqui colocar esta música, cof cof cof, e fui ver ao dicionário de inglês o que queria dizer o nome do grupo.

Na mesma página, do dicionário, (tu sabes qual e tb sabes q não é lá muito bom),encontrei estas palavras:

slob

slobber

slobberation

e sloe...eu bem sabia que já alguém me tinha chamado a atenção para estas coisas.

Pronto, aqui já houve um slope e pode soar meio sloppy e até pode parecer conversa de café, mas não é.

Photobucket - Video and Image Hosting

Tenho mesmo de começar a desabituar-me de certas coisas.